As borboletas transparentes

Para essa época  de reflexão e renascimento, deixo uma pequena história do livro “Histórias, reflexões e metáforas” de Jairo Mancilha e José  Carlos Reyes

pascoa22014“No princípio todas as borboletas eram transparentes.

Moravam em um território agreste, sem cor e sem a oportunidade de diferenciarem-se umas das outras. Também não conheciam o sentido da beleza. Muitas delas permaneciam inertes, deitadas sobre as  pedras, esperando que o vento lhes trouxesse algum alimento.

De repente, um dia, um raio de sol conseguiu atravessar as nuvens, deixando entrever o cume das montanhas. Muitas das borboletas, pela primeira vez, divisaram o portal de arco-iris que se erguia sobre o pico mais alto e também pela primeira vez sentiram a necessidade de  chegar até o Criador, imaginando que ele morava atrás do arco-íris.

Então, levantaram vôo.

Fortificando suas asas, muitas delas chegaram ao alto da montanha, onde conheceram a beleza da natureza, escutaram belas melodias, o canto das aves, o refrescante som das cachoeiras e se sentiram atraídas pelo aroma das flores.pascoa2014

Ao chegar à noite preferiram pousar entre as pétalas misturando-se com o pólen e dormiram satisfeitas.

Ao amanhecer, sentiram uma sutil umidade. Era o carvalho da madrugada e, assim, cada uma adquiriu a cor da flor aonde havia pousado.

Com as asas fortalecidas e gratas à vida, transportaram o pólen criando novos jardins em outros horizontes.”

José Carlos Reyes